GT02: A patologização da vida em diversos contextos

Autores

  • Coordenadores: Janine Moreira (UNESC); Antonio Serafim Pereira (UNESC); Márcia Lise Lunardi-Lazzarin (UFSM)

Resumo

É notório o aumento de diagnósticos, envolvendo as diversas dimensões da vida das pessoas, entre elas, a educação, o que vem acompanhado do gradativo aumento do consumo de medicamentos. Farmácias não param de abrir; manuais de classificação de doenças avolumam-se, consideravelmente, a cada edição; estudos que divulgam artigos sobre descoberta de novas doenças não param de ser publicados; matérias são divulgadas nos meios de comunicação, incentivando a população a diagnosticar cada vez mais precocemente novas doenças. Vista de forma isolada, a patologia é atribuída à própria pessoa, individual. Seu contexto sociocultural não é problematizado. Tampouco a ciência que patologiza – biologicista, “neutra e universal” – é problematizada. Presta-se, por conseguinte, a constituir-se álibi na produção de verdades generalizadas acerca de uma vida patologizada. O contexto histórico/humano da sua produção (tempo, lugar, classe social, raça, religião, entre outros condicionantes) são relegados a segundo plano ou desconsiderados. Sabe-se que o processo de patologização da existência pode deixar marcas profundas no sujeito fabricado como patológico: na forma como olha para si mesmo como ser doente, em sua dependência eterna aos medicamentos; na consideração da dificuldade de aprendizagem como patologia, responsável pela medicalização dos estudantes; na maneira como compreendemos fenômenos sociais como patológicos. Patologiza-se o inaceitável. Valores morais escondem-se atrás de pretensa neutralidade científica. Nesse sentido, cabe também aqui, pensarmos como temos concebido a condição/forma de vida dos diversos migrantes que residem hoje no Brasil vindos, geralmente, de outros países da América Latina e África. Dependendo de nossas percepções, podemos estar classificando-os como patológicos ao não compreendermos suas identidades e modos de vida produzidos no contexto de suas culturas originais, ou mesmo, ao não entendermos suas dificuldades em se inserirem em nossa cultura, sejam adultos em seus locais de trabalho, sejam crianças nas escolas. Daí a proposta deste GT: problematizar os diversos aspectos que envolvem o processo de patologização da existência. Para tanto, serão aceitos trabalhos produzidos nas mais diferentes modalidades, que abordem esta temática, quais sejam: discussões teóricas, resultados de pesquisa, ações extensionistas, relatos de experiências e demais formas que possam impulsionar o debate acadêmico.

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Publicado

2021-12-22