GT15: Decolonialidade e saberes outros na perspectiva interseccional entre gênero, raça, classe e sexualidade

Autores

  • Coordenadores/as: Fernanda da Silva Lima (UNESC); Delton Aparecido Felipe (UEM)

Resumo

O tema central deste Grupo de Trabalho é a produção de saberes outros e a descolonização do conhecimento hétero-cis-euro-normativo para questionarmos as relações sociais que ainda se baseiam no racismo, sexismo, homofobia, machismo no Brasil, América Latina e entre outros espaços geográficos do mundo. Compreende-se que o conceito raça, gênero, sexo, sexualidade e classe se articulam como tema transversal e que merece atenção nos vários campos de estudo – aqui incluídos a Educação num diálogo com as outras áreas do conhecimento. É imprescindível reconhecer que esses conceitos são marcadores estruturantes para compreensão do processo histórico das desigualdades e das exclusões, sobretudo, quando estes marcadores operam de forma interseccional afetando a vida de determinados sujeitos. O objetivo deste Grupo de Trabalho é permitir uma ampla discussão e fortalecer a luta antirracista, antissexista, entre outras posturas de resistência que a partir de uma desobediência epistêmica (MIGNOLO, 2008) frente aos padrões hegemônicos e eurocêntricos na produção do conhecimento. Um exemplo dessa postura está na construção do pensamento feminista negro ou do feminismo negro como o conhecimento que tem origem na luta das mulheres negras por representatividade e por serem reconhecidas como sujeito político. O feminismo negro constitui-se não enquanto teoria – porque o assumimos como decolonial – mas em novas formas de saberes que se acumulam e se transformam a partir das experiências e do ponto de vista das mulheres negras. (COLLINS, 2018). E desta forma, as mulheres negras construíram e constroem epistemologias de enfrentamento a um pensamento único e universal, machista, sexista, racista, cristão, heteronormativo, branco e violento. Neste contexto, é urgente e necessário enxergar o Brasil como país periférico no sistema mundo, considerando seu espaço geopolítico, histórico e colonial. E mais, situar a discussão de gênero na perspectiva de fraturar o que Lugones (2008) vai chamar de ‘sistema moderno-colonial de gênero’, permeado pela colonialidade do poder que violentamente inferioriza as mulheres colonizadas, os homens negros gays, ainda mais se forem pobres e efeminados. Nessa perspectiva raça, classe e a sexualidade são também categorias estruturantes, tanto quanto gênero, neste sistema colonial de poder e é isto que vai explicar a subordinação das mulheres de cor, dos homens negros gays. A aposta para fraturar a colonialidade de gênero e raça passa, portanto, por uma revisão epistemológica que leve em consideração pelo menos estes dois marcadores de opressão, do contrário, continuaremos a reproduzir os estudos de gênero de base eurocêntrica/norte-americana, colonial, conservador e racista. A análise conjunta das opressões de gênero, raça, sexo e classe pode ser realizada a partir da categoria da interseccionalidade (CRENSHAW, 2004). De acordo com Akotirene (2018) e outras intelectuais negras brasileiras, o conceito de interseccionalidade enquanto categoria metodológica permite verificar as conseqüências estruturais e dinâmicas de interação entre dois ou mais eixos da subordinação, ou seja, se as mulheres negras são atingidas por pelo menos duas opressões - raça e gênero -, a interseccionalidade atuará especificamente na forma pela qual o racismo e o patriarcalismo/sexismo criam as desigualdades que serão determinantes para estruturar a posição destes sujeitos na sociedade brasileira.

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Publicado

2021-12-22