COLETIVOS DE LEITURA COMO ESPAÇOS DE CULTIVO DE SEMENTES DE VIDA
Resumo
Sendo este um relato de experiência, partimos desde as vivências encarnadas por nós autores, que ao longo dos últimos anos temos experienciado a potência dos encontros e partilhas a partir do grupo de leitura criado e mediado por nós, o Leia-se. Partimos da constatação empírica, pessoal e também teórica da ofensiva contra a cultura que assola o país nos últimos anos, com o desmonte e desinvestimento em políticas culturais, especialmente nas relacionadas à literatura e aos livros, sendo expressas, por exemplo, com o desaparecimento dos parcos recursos para a área e as tentativas de taxação do livro atingindo toda a cadeia produtiva. Pensamos nas possíveis formas de resistência e defesa dos livros e da literatura, acreditamos que em cenários como esses, a sociedade civil acaba por muitas vezes, se organizando e disputando espaços pela valorização da leitura e engendrando processos para a formação de novas leitoras. Tendo como base os princípios descritos anteriormente, o clube realiza encontros mensais, trazendo à tona obras escolhidas pelas próprias participantes. Se por um lado as leitoras são mobilizadas num primeiro momento nos processos de apropriação e simbolização das leituras, por outro, são novamente estimuladas durante os encontros. O encadeamento das percepções das leitoras sobre as obras, acaba por muitas vezes, interferindo no que Rancière chamou de partilha do sensível, deslocando certas percepções e formas de visibilidade até então vigentes, incidindo na distribuição e redistribuição dos espaços e tempo, de lugares e identidades, da palavra e do ruído, do visível e do invisível (RANCIÈRE, 2017). Depreendemos de nossas vivências e das incursões teóricas até aqui realizadas que, mesmo atuando no campo da política no âmbito das singularidades, que os grupos/coletivos de leitura, podem se configurar como dispositivos capazes de suspender momentaneamente a temporalidade neoliberal hegemônica na qual o tempo é reduzido a uma instância da vida cotidiana a ser regida disciplinarmente, por planejamentos, cronogramas e outros métodos sofisticados de controle. Como este trabalho limita-se a um relato de caso, depreende-se a necessidade da realização de pesquisas a fim de explorar nossos achados iniciais.
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