O DESENHO COMO FERRAMENTA PARA PROJETAR E EXPRESSAR DESEJOS E CONFLITOS DA ADOLESCÊNCIA

Autores

  • Laura Mitkus
  • Cristina Adriana Rodrigues Kern

Resumo

O presente trabalho caracteriza-se por um recorte das atividades realizadas no Estágio Supervisionado Obrigatório em Psicologia Escolar (Estágio A) do curso de Psicologia da UNESC. Ocorreu em uma escola de educação básica, no período de fevereiro a junho de 2018, com estudantes do sétimo ano do Ensino Fundamental, de doze a dezessete anos, em encontros de quarenta minutos. O objetivo principal foi promover reflexão e construção de conhecimento acerca da identidade e relações interpessoais. A metodologia utilizada foi qualitativa, buscando compreender os processos subjetivos e de significação dos sujeitos envolvidos nas práticas realizadas. Na atividade destacada nesse trabalho, a turma foi dividida por faixa etária em três grupos, sendo um apenas com meninas. A partir disso, se propôs uma atividade de desenho projetivo, onde cada estudante deveria desenhar, em uma folha branca A4, uma pessoa e a partir dela escrever pensamentos recorrentes, o que gostaria de dizer, duas coisas que ama, sentimento a oferecer e a receber, um objetivo que deseja alcançar e os passos para alcançá-lo. De modo geral, os grupos se mostraram reflexivos e engajados nas questões propostas, ficando perceptível a identificação de si mesmo com o desenho e objetivos de futuro fortemente ligados aquela realidade social. O grupo de meninas destacou-se por demonstrar planejamento de ingressar no ensino superior e expressar bastante afetividade. Promover a reflexão com os grupos de adolescentes foi um trabalho árduo, considerando que havia pouco interesse por parte dos alunos em usufruir de um espaço de fala e construção de novos sentidos, como propôs a estagiária. O fato de esse espaço ser raro na vida dos adolescentes daquele local pode ter contribuído para que eles não percebessem a importância do mesmo. O grupo na adolescência é considerado um importante espaço de fala, reconhecimento e suporte para novas identificações, portanto primordial para manifestações do inconsciente individual, mas que pela unidade do grupo possibilita a emergência de um inconsciente grupal. Portanto, há uma equivalência entre trabalho de grupo e trabalho de análise (COUTINHO; ROCHA, 2007). Considera-se que os objetivos propostos neste estágio foram atingidos da melhor forma possível, sempre com muita atenção e respeito para as necessidades emergentes dos sujeitos envolvidos. A maioria da população atendida pela escola está em situação de vulnerabilidade social e a dinâmica familiar é bastante complexa e dolorosa, o que gera conflitos intrapsíquicos intensos nas crianças e adolescentes que estão em processo de subjetivação. Romper com os muros da Universidade e encarar a realidade “nua e crua” pode gerar desprazer, mas também servir como impulso para se tornar um agente transformador dessas realidades, que prezará pelo respeito e pela qualidade de vida de cada sujeito que puder alcançar.

Palavras-chave: Psicologia Escolar, Adolescência, Identidade.

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Publicado

2019-11-05