SER MÃE É TUDO! ESTEREÓTIPOS RELATIVOS AO PAPEL DE MÃE

Autores

  • Manon Piazzolli Gouvea
  • Amanda Castro

Resumo

Este relato de experiência foi elaborado a partir do estágio de Psicologia Social realizado em um Hospital, na ala da maternidade. Tem por objetivo promover a reflexão acerca do papel de mãe e sua interlocução com os papéis sociais e profissionais. Para o diagnóstico psicossocial foi utilizada a observação participante. Ao abordar os estereótipos do papel de mãe, as puérperas foram incentivadas a contarem a história da sua gestação, e a reconhecer as características pessoais de cada uma, através de material elaborado pela estagiária, o qual consistia em diversas gravuras de mães com as mais variadas características. Dessa forma, todas puderam identificar-se com um ou mais tipos de maternidade, ou formas de exercê-la. Mãe multitarefas, mãe com mania de organização, mãe emotiva, mãe carinhosa, mãe superprotetora e mãe amiga foram as mais escolhidas. Todas essas, nos remetem aquela forma “ideal” de ser mãe e mulher disseminada pela mídia nos seus mais diversos canais de comunicação, das quais a mulher sofre grande influência e se vê incumbida em atender a essas expectativas. Ficou evidente em muitos discursos a necessidade em adaptar-se a esse ideal, renegando características que não se enquadravam nesse perfil. Nenhuma se descreveu como mãe sem paciência, brava, descontraída ou que trabalha mas tenta dar conta de tudo, até mesmo a mãe vaidosa ficou renegada. Dessa forma, é de extrema importância a análise desses dados, pois eles demonstram que de forma geral a mulher pode estar suprimindo características pessoais as quais não se enquadram no papel materno disseminado socialmente. Ou ainda, renegando suas próprias características, adotando outras em uma tentativa de se sentir pertencente a um papel com atributos pré-estabelecidos. Com a crença de que os cuidados essenciais à criança naturalmente devem ser de atribuição da mãe devido a vários fatores como a predisposição feminina a maternidade e aos cuidados domésticos, por exemplo, a mulher toma para si esse encargo. No entanto, ao pensar assim, ela poderá assumir toda a responsabilidade pelos cuidados com o lar, a criação dos filhos e caminhar para a construção ou manutenção de uma carreira profissional, ou ainda, optar somente pelos cuidados com o lar e com a criação dos filhos. Em qualquer uma dessas possibilidades, a mulher-mãe vai estar exposta a sobrecarga de tomar para si a responsabilidade por papéis que poderiam ser desempenhados de forma conjunta com o seu parceiro. Um dos aspectos mais evidentes, foi a falta de perspectivas futuras quanto a execução de outros papéis, que não exclusivamente o de mãe. Existe na mulher-mãe a dificuldade em estabelecer metas para suas realizações, renunciando a sua satisfação pessoal em detrimento da satisfação dos filhos ou do marido. Esses são indicadores de que apesar do discurso a respeito da liberdade feminina, ainda se reproduzem papéis onde a mulher é sujeita a velha lógica patriarcal, principalmente nos casos de mulheres com menor poder aquisitivo.

Palavras-chave: maternidade, características, futuro, mulher, filho.

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Publicado

2019-11-05