DESCOLONIZAR A PSICOLOGIA

Autores

  • Mariana Monteiro Martins
  • Janine Moreira

Resumo

Por muito tempo a academia científica brasileira teve suas referências vindas da Europa, a partir de uma visão eurocêntrica do mundo, o que, nos dias atuais, também insere os Estados Unidos, que junto à Europa, forma o eixo “Atlântico Norte”. Vemos o mundo tal como é explicado por teorias vindas de outro lugar, caracterizando nossa colonialidade. Descolonizar a ciência e, especificamente, a psicologia, é a provocação para estudantes e profissionais que buscam por questionamento, mudança, empoderamento e libertação das opressões. Isto não implica negar as referências vindas da parte norte/ocidental do mundo. Implica em não reproduzi-las, e sim em dialogar com elas desde a ciência vinda de nosso lugar. Desde esse lugar, uma outra história é contada, outras compreensões de homem e de mundo, de subjetividade. A descolonização do saber implica em valorizar a história e a epistemologia dos povos colonizados, oprimidos, o que resultaria em uma sociedade mais justa e humana para todos. Metodologia: Estudo bibliográfico a partir de obras de Paulo Freire, Leonardo Boff e Ignacio Martin-Baró. Resultados e Discussão: Os autores nos falam de como nossa cultura é socialmente colonizada e oprimida, o que a impede de avançar em seus direitos e potencialidades. Discutem o quanto o poder capital é perigoso para a liberdade do povo, que se torna refém de “conhecimentos” e “regras” importados, os quais “vendem a ideia” de que o estrangeiro (da parte norte ocidental do mundo) é melhor, é moderno, é inovador. Um dos efeitos deste olhar externo para explicar o local - desta “invasão cultural” – é a anulação das capacidades de desenvolvimento e agregação para o lugar de reais inovações que respondam às necessidades daquele território. Compreender o colonizador e o colonizado nos leva a compreender a relação opressor e oprimido, pois o poder territorial, capital e às vezes de “saber” graduado, acaba oprimindo o colonizado, que se rende aos interesses do colonizador. Qual saber é mais importante? Qual o direito de um estrangeiro render um povo para explorar suas riquezas naturais? Que avanço o cuidado tem se não valoriza a sua terra? Como um povo poderá construir sua identidade se suas referências vêm todas de fora? Tais reflexões nos fazem repensar toda história que nos foi ensinada como a “história do mundo”, assim como repensar que modelo de subjetividade a Psicologia brasileira e latino-americana tem para compreender sua gente. Conclusão: Pesquisar, estudar, conhecer desde a perspectiva decolonial possibilita transformar nosso olhar ao outro, nossas relações, humanizá-las. São questões para a psicologia decolonial brasileira/latino-americana: a subjetividade vinda dos europeus e estadunidenses pode explicar o homem e a mulher latino-americanos(as)? Quais as visões de homem e de mundo de nossos povos originários (indígenas) e dos afrodescendentes, alijados como sujeitos da história oficial? Qual a subjetividade formada a partir destas visões?

Palavras-chave: Psicologia; Decolonialidade; Subjetividade; Opressor-oprimido; Libertação.

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