ELEIÇÕES DO SINDICATO VESTUARISTA DE CRICIÚMA DE 1985: UMA QUESTÃO DE GÊNERO

Autores

  • Tatiane Beretta PPGDS/UNESC

Resumo

A Indústria do Vestuário se coloca como possibilidades outras de fortalecimento econômico no município de Criciúma no início dos anos 1970, desenvolvendo uma gama de novas vagas de empregos e de novas relações com o mundo do trabalho (GOULARTI FILHO, 1995). As perspectivas difusas de aplicações econômicas ligadas a essa categoria, não ocasionaram mudanças apenas na industrialização, mas incorporaram personagens outros em setores que antes eram destinados em sua maioria a homens, reconfigurando o proletariado desta região (RABELO, 1997). Essa crescente dinâmica estimulou o desenvolvimento de trabalhos diretos e indiretos, alicerçando padrões de opressão difusos, sendo necessário estudar essa categoria e as suas particularidades, que Elizabeth Lobo (1991) exemplifica ao constar que a classe trabalhadora tem dois sexos, e precisa ser revisitada para a compreensão da sua diversidade, rompendo com os padrões e estruturas de uma classe operária única. Sendo o ramo vestuarista o maior em número de mulheres trabalhadoras da região de Criciúma, o seu movimento sindical se constitui a partir do ano de 1979, nascendo a partir das mãos destas operarias, representadas inicialmente por Ana Aurino Borges dos Reis (MIRANDA, 2013). Buscamos com esse projeto desconstruir os padrões homogêneos da classe operária e suas organizações, tendo como objetivo compreender o sindicalismo, a partir da perspectiva das trabalhadoras do ramo vestuaristas. Discutindo o processo eleitoral de 1985 deste sindicato, analisando as singularidades desta eleição, e as relações estabelecidas por esse processo de alteração de poder e a ação repentina de desautorização de fala, que modifica a imagem de Dona Ana e transfere o poder de uma classe operaria majoritariamente feminina as mãos de um homem, como um sentido natural de auxílio masculino as opressões de gênero. Segundo Joan Scott (1995, p. 88) “O gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder. Seria melhor dizer: o gênero é um campo primário no interior do qual, ou por meio do qual, o poder é articulado”. Assim, buscamos responder se a retirada de Dona Ana da cena política sindicalista pode ser compreendida a partir de uma perspectiva de gênero. A proposta metodológica desta pesquisa é trabalhar com uma abordagem no campo do trabalho, das resistências de classe e as opressões de um sistema marcado pela predominância masculina. As mulheres operárias são invisibilizadas e marginalizadas no campo da história do trabalho, neste sentido esta pesquisa busca discutir as experiências das operarias e suas relações de trabalho, suas lutas sindicais e os tensionamentos que perpassam as relações de gênero e classe pontualmente durante a eleição 1985. Fomentando uma outra escrita e outros olhares sobre esta temática.

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Publicado

2022-01-05