HISTÓRIA POLÍTICA E IMPRENSA: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DO IMPRESSO VEJA SOBRE OS GOVERNOS DA EX-PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF NA CONJUNTURA DO GOLPE DE 2016

Autores

  • Lucene Cândido Magnus PPGDS/UNESC
  • João Henrique Zanelatto PPGDS/UNESC

Resumo

Podemos considerar os meios de comunicação como importantes ferramentas políticas nas sociedades contemporâneas, devido ao fato de, ao longo da história, terem se constituído como fortes agentes de interferência na opinião pública, sendo por vezes formadores da opinião de massa pela sua condição simbólica de detentora da verdade, como coloca Arendt (2014). Os periódicos impressos, como é o caso da Revista Veja, no cenário político cumprem um papel de narração das ações políticas, a cada edição nas bancas e nos meios virtuais, ficam estampadas não só a notícia de um fato político, mas um discurso construído em cima dos fatos cotidianos. Portanto, levando em conta o papel que as grandes mídias têm na construção de representações na sociedade contemporânea por meio dos impressos, essa pesquisa teve como objetivo analisar como a Revista Veja contribuiu para o processo de desconstrução/desqualificação da imagem da presidenta Dilma Rousseff e na construção do golpe de Estado executado no ano de 2016. Para compreendermos o cenário político do golpe de 2016, precisamos contextualizar o cenário político que se construiu até o último mandato de Dilma Rousseff, e entendermos que a mudança no rumo da política econômica e o resultado dela na formação dos blocos de aliança são importantes na discussão do processo de impeachment. Durante 14 anos o país foi governado por programas políticos liderado pelo Partido dos Trabalhadores junto a uma grande aliança heterogênea, e por dois presidentes da república, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016). As estratégias e acordos iniciados por Lula e Dilma e essa frente heterogênea, composta por diferentes setores e classes, é interpretado por muitos autores como o mecanismo que garante a manutenção deste bloco no poder, mas também é o início do golpe de estado executado em 2016. Para Queiroz (2018) e Boito Jr. (2012), esse bloco de alianças formado pelos petistas, resultou em uma “Frente Neodesenvolvimentista”, que possibilitou aos governos a construção de uma política econômica e social de avanços sociais importantes, como o aumento de renda da população, a redução nas taxas de desemprego e a diminuição da extrema pobreza, mas sem modificar as bases econômicas e estruturas de acumulação interna. Analisou-se durante a pesquisa a narrativa de 5 capas da revista Veja do ano de 2016, a de 02 de março, 13 de abril, 20 de abril, 11 de maio e a de 18 de maio, sendo levado em conta na análise os textos escritos e as imagens. Consideramos, após a análise das capas que a revista Veja é um dos agentes políticos que corroboraram com a narrativa da frente neoliberal ortodoxa que estimulou o discurso golpista, e enquanto um grande veículo da mídia, contribuiu com o crescimento do antipetismo, que desqualificou os mandatos de Lula e Dilma Rousseff e todas as políticas apresentadas pelo modelo Neodesenvolvimentista, e que apresenta consequências na conjuntura política brasileira até hoje.

Publicado

2022-01-05