PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS PESCADORES DE PEQUENA ESCALA EM CASEARA, TOCANTINS, BRASIL

Autores

  • Carolyne Ribeiro Gomes Dias EMBRAPA
  • José Izenaldo Nascimento de Arruda Filho UFRPE
  • Adriano Prysthon EMBRAPA
  • Rodrigo Machado PPGDS/UNESC

Resumo

A bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia é a segunda maior bacia hidrográfica do Brasil, sendo a maior extensão de rede de drenagem integramente em território brasileiro. Sendo o rio Araguaia a principal artéria fluvial do bioma Cerrado, de tal modo que possibilita uma atividade pesqueira de pequena escala (ou pesca artesanal) bem significativa. A pesca é uma das atividades mais antigas exercidas pela humanidade, e se apresenta como um elemento importantíssimo na geração de renda, segurança alimentar e manutenção socioeconômica e cultural de comunidades ribeirinhas. No entanto, um conhecimento mais profundo das características socioeconômicas das comunidades pesquisas é de suma importante para auxiliar nos processos de gestão da pesca e no planejamento de políticas públicas. O município de Caseara no estado do Tocantins fica às margens do rio Araguaia e possui uma relação intrínseca de sua economia com o rio, tanto em termos de turismo, que ocorre nas temporadas de praia (veraneio), quanto de produção pesqueira. A fim de caracterizar os aspectos socioeconômicos destes pescadores locais, foram aplicados questionários semiestruturados adotando-se a metodologia bola de neve. Ou seja, a coleta de dados foi baseada numa rede de informações, onde os entrevistados indicaram outros pescadores. É importante mencionar que todos os entrevistados consentiram com a pesquisa. Foram entrevistados 30 pescadores que representaram 31% do total de pescadores da localidade ou da população pesqueira local. A faixa etária variou entre 24 e 68 anos (média de 42 anos) e o tempo de pesca entre 4 e 51 anos de experiência (média de 22). Do total dos entrevistados, 13% possui ensino médio completo, 10% concluíram o fundamental II, 40% o fundamental I e 10% não possuem educação formal. Sobre a composição da renda familiar, 77% afirmaram que dependem exclusivamente da pesca e 23% de outras atividades. As famílias são compostas em média por quatro pessoas, variando de 1 a 10 o núcleo familiar. Quanto à dedicação à pesca, 83% dos entrevistados relataram trabalhar exclusivamente nessa atividade e 23% também executam outras atividades. A maioria dos pescadores são proprietários das embarcações utilizadas (90%). Os resultados indicam como a estrutura familiar é altamente presente na organização da comunidade pesqueira, configurando um ambiente interdepende entre os elos da cadeia produtiva, mas para, além disso, demanda outras fontes de renda, o que indica que apenas a pesca não se faz suficiente para o sustento dos núcleos familiares. Ressalta-se ainda a importância da pesca para a segurança alimentar e a necessidade de conhecimento destas populações para o poder público, dado à grande importância do setor para as comunidades e o baixo grau de escolaridade, na formulação e revisão de políticas públicas para este setor historicamente marginalizado.

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Publicado

2022-01-06