METODOLOGIAS ATIVAS COMO PROPOSIÇÃO PARA O ENSINO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO
Resumo
Introdução
Para um ensino de qualidade, os métodos devem estar num constante movimento de atualização. E, nele, o professor é o protagonista na busca de novos conhecimentos de aperfeiçoamento para sua prática, seja por meio de leituras ou cursos de formação continuada. Realidade que pode proporcionar aos estudantes uma apropriação mais ativa dos conhecimentos científicos (MORAN, 2015).
Este contexto, motivou o direcionamento da pesquisa, desenvolvida a partir de um estudo bibliográfico acerca de metodologias ativas afim de compreender e refletir sobre a perspectiva desta, como proposição para um ensino de qualidade. Segundo Moran (2015, p. 18), “as metodologias ativas são pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas”. Os estudos teóricos acerca do tema são insuficientes aos estudantes, isto é, além deles é necessário a prática para que haja o movimento de apropriação do conhecimento. (MORAN, 2015). Para tanto, atuar na sala de aula com a adoção de uma metodologia ativa, há a necessidade de repensar as aulas de modo que o estudante participe ativamente, com uso de recursos como: jogos, tarefas em grupos, debates com os colegas, entre outras. E, Moran (2017, p.24), argumenta:
Aprendemos de muitas maneiras, com diversas técnicas, procedimentos, mais ou menos eficazes para conseguir os objetivos desejados. A aprendizagem ativa aumenta a nossa flexibilidade cognitiva, que é a capacidade de alternar e realizar diferentes tarefas, operações mentais ou objetivos e de adaptar-nos a situações inesperadas, superando modelos mentais rígidos e automatismos pouco eficientes. (MORAN, 2017, p.24)
Nesse método de ensino, o estudante é centro do processo de aprendizagem. Para tanto, deve-se considerar que cada um deles se apropria do conhecimento de forma individual. Alguns se apropriam facilmente de determinado conteúdo lendo livros, há aqueles que aprendem melhor de outra maneira, como assistindo vídeos, realizando atividades práticas, entre outros (MORAN, 2015). Por isso, o professor deve proporcionar uma aula em que cada estudante possa se apropriar do conceito de forma autônoma, no seu tempo.
Existem diferentes metodologias ativas para que professores possam estudar e adaptar nas suas aulas. Dentre essas metodologias está o ensino híbrido, que, segundo Bacich (2016), consiste em desenvolver o conteúdo com os estudantes em ambientes distintos. Adentrando ao ensino híbrido, encontra-se o método de ensino nomeado de sala de aula invertida. Este consiste na preparação de materiais de estudo para que o estudante investigue o conteúdo antes do horário de aula estipulado pela escola. Tais materiais podem ser textos, videoaulas preparados pelo professor, entre outros. Nele, o estudante realiza um estudo prévio do tema proposto, para que, no momento da aula presencial com o professor, pode sanar suas dúvidas.
Ainda, há a aprendizagem baseada em projetos que, conforme Oliveira e Mattar (2018, p. 347):
[...] é um método de ensino pelo qual os alunos adquirem conhecimentos e habilidades trabalhando por um longo período para investigar e responder a uma questão, um problema ou um desafio autênticos, envolventes e complexos. (OLIVEIRA; MATTAR, 2018, p. 347)
Para desenvolver as aulas, utilizando esta metodologia, é importante fazer um planejamento seguindo alguns passos que contribuirão para um ensino de qualidade, que são: Pensar no tema central e na questão/problema do projeto objetivando a aprendizagem do aluno; Envolver os estudantes em um longo processo de investigação, almejando responder a questão/problema; O projeto deve apresentar autenticidade; Haver uma reflexão entre alunos e professor acerca do projeto; Tornar o projeto público, apresentando-o além da sala de aula (OLIVEIRA; MATTAR, 2018).
Metodologia
O presente trabalho situa-se em estudo bibliográfico e fundamentou-se teoricamente na leitura de artigos que tratam de metodologias ativas, sobretudo em Bessa e Costa (2019), Valério et al. (2019), Bacich (2016), Moran (2017), Moran (2015) e Moran (2013).
Além disso, a participação no curso online intitulado “Metodologias Ativas na Educação Básica”, disponibilizado pela Revista Nova Escola e ministrado pela Drª Lilian Bacich, que contribuiu para ampliar os estudos sobre o tema em foco. O curso apresentou uma proposta de ensino de metodologias ativas como o ensino híbrido e suas peculiaridades, e a aprendizagem baseada em projetos. Destacou o papel do professor como mediador e o estudante como centro do processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais ativo e participativo durante o desenvolvimento das aulas.
Apresenta-se, neste trabalho, um recorte da pesquisa, baseada na análise dos resultados observados por Valério et al. (2019) em experiência vivenciada com a utilização de metodologia ativa em sala de aula.
Análise e discussão de dados
O método da sala de aula invertida foi experenciado por Valério et al. (2019), durante um semestre, nas disciplinas de Geometria Analítica e Física Introdutória num curso de licenciatura em ciências exatas de uma universidade no sul do Brasil e socializado em forma de artigo.
Enfatiza-se no texto, a necessidade de mudança na educação desde o início do século passado, contudo o ensino tradicional se mantém sólido mesmo havendo inúmeras pedagogias alternativas. Isso ocorre para que haja conformidade à prática política e econômica da sociedade moderna vigente (VALÉRIO, et al., 2019).
No artigo, é argumentado que a sala de aula invertida se dá por meio de materiais disponibilizados aos estudantes antes da aula, para que os mesmos realizem um estudo prévio acerca do tema. Neste caso, a finalidade do professor, em sala de aula, é orientar e dar assistência individualizada aos estudantes que realizarão as atividades práticas (VALÉRIO, et al., 2019).
A pesquisa realizada pelos autores fundamentou-se, sobretudo, nos estudos de relatos de experiências estrangeiras, realizados em um projeto de extensão da universidade. Neste projeto, foi promovido um curso para professores sobre a temática. Neste curso, participaram dez professores, em que cinco se dispuseram em desenvolver tal metodologia. No projeto, tiveram disciplinas cuja a proposta de ensino ocorreu parcialmente. Foram disponibilizados, com uma semana de antecedência, indicações de livros e vídeoaulas disponíveis na internet para que os estudantes pudessem realizar estudo prévio e, durante as aulas, respondessem questionários online. Entretanto em outra disciplina a proposta foi mais dinâmica e totalmente realizada. O professor encaminhou para estudo prévio uma lista de exercícios sobre o tema e os alunos, ao concluírem a atividade, enviaram as respostas num espaço online disponibilizado pelo professor, cujas as soluções foram debatidas na aula (VALÉRIO, et al., 2019).
Nas experiências citadas anteriormente, os autores ressaltaram que as dificuldades apresentadas pelos estudantes na realização da atividade foram os estudos prévios solicitados, proposta da sala de aula invertida. Os resultados obtidos não foram os esperados pelos autores, pois menos da metade dos estudantes obtiveram aprovação em ambas às disciplinas, aprovação de aproximadamente 40% numa disciplina e perto de 50% na outra. No final da pesquisa, é apresentado algumas orientações para os professores que gostariam de desenvolver a metodologia de sala de aula invertida. Dentre elas, sugerem aos docentes ter dedicação em pesquisar referenciais e experiências com relação à sala de aula invertida na sua área, para ter uma base do que será enfrentado e deixar claro a sua metodologia no plano de ensino (VALÉRIO, et al., 2019).
No final da pesquisa, é apresentado algumas orientações para os professores que gostariam de desenvolver a metodologia de sala de aula invertida. Dentre elas, sugerem aos docentes ter dedicação em pesquisar referenciais e experiências com relação à sala de aula invertida na sua área, para ter uma base do que será enfrentado e deixar claro a sua metodologia no plano de ensino (VALÉRIO, et al., 2019).
Em suma, parece difícil afirmar a eficácia total do método de ensino, mas se considerarmos o perfil de estudantes descrito no artigo, talvez o alcance dos resultados tenha sido satisfatório, pois não é muito distante do perfil dos de outras instituições de ensino brasileiras. Possivelmente, é uma demonstração que não basta o professor mudar a metodologia, mas uma mudança de cultura por parte dos estudantes. O método em estudo apresenta o estudante como protagonista da sua aprendizagem. Será que eles estão dispostos ao estudo prévio de temas? Se tiver, talvez seja uma raridade. Os alunos estão habituados ao ensino tradicional, que está em movimento de mudança, mas vigente numa parte significativa das instituições de ensino brasileiras. Precisa de mais pesquisas, nesta linha e com desenvolvimento de aplicação em sala de aula. Assim, o processo de construção dos conceitos a ser estudado ocorre com o estudante em movimento numa ação investigativa.
Considerações Finais
Com a pesquisa, pode-se compreender o quão importante é pensar numa educação em movimento, seja considerando o professor no preparo de suas aulas como na motivação do estudante na participação nas atividades propostas. Também, foi possível perceber, a importância do professor compreender que seu papel é muito mais do que transmitir informações. Mas, deve estar preparado para desenvolver uma aula rica em termos de materiais ou estratégias que possibilite os estudantes, com uso de competências desenvolvidas nas atividades propostas, se apropriarem dos conceitos científicos estudados e ir além, na aplicação deles na resolução de problemas ou de aprender novos.
Palavras-chave: Metodologias ativas; Educação; Aprendizado Ativo.
Referências
BACICH, Lilian. Ensino Híbrido: proposta de formação de professores para uso integrado das tecnologias digitais nas ações de ensino e aprendizagem. Anais do XXII Workshop de Informática na Escola (Wie 2016), [S.L.], p. 679-687, 7 nov. 2016. Sociedade Brasileira de Computação - SBC.
BESSA, Sônia; COSTA, Váldina Gonçalves da. Apropriação do Conceito de Divisão por meio de Intervenção Pedagógica com Metodologias Ativas. Bolema: Boletim de Educação Matemática, [S.L.], v. 33, n. 63, p. 155-176, abr. 2019. FapUNIFESP (SciELO).
MORAN, J. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. In: YAEGASHI, Solange e outros (Orgs). Novas Tecnologias Digitais: Reflexões sobre mediação, aprendizagem e desenvolvimento. Curitiba: CRV, 2017, p.23-35.
MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Educatrix – Dossiê Currículo. São Paulo: Moderna, a. 7, n. 12, p. 66-69, 2013.
MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II, Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.). Ponta Grossa: -PROEX/UEPG, 2015, p.15-33.
OLIVEIRA, Neide Aparecida Arruda de; MATTAR, João. Folhetim Lorenianas: aprendizagem baseada em projetos, pesquisa e inovação responsáveis na educação. E-Curriculum, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 341-363, abr. 2018.
VALÉRIO, Marcelo et al. A sala de aula invertida na universidade pública Brasileira: evidências da prática em uma licenciatura em ciências exatas. Thema, [S.L.], v. 16, n. 1, p. 195-211, 1 maio 2019.
Referências
BACICH, Lilian. Ensino Híbrido: proposta de formação de professores para uso integrado das tecnologias digitais nas ações de ensino e aprendizagem. Anais do XXII Workshop de Informática na Escola (Wie 2016), [S.L.], p. 679-687, 7 nov. 2016. Sociedade Brasileira de Computação - SBC.
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MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Educatrix – Dossiê Currículo. São Paulo: Moderna, a. 7, n. 12, p. 66-69, 2013.
MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II, Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.). Ponta Grossa: -PROEX/UEPG, 2015, p.15-33.
OLIVEIRA, Neide Aparecida Arruda de; MATTAR, João. Folhetim Lorenianas: aprendizagem baseada em projetos, pesquisa e inovação responsáveis na educação. E-Curriculum, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 341-363, abr. 2018.
VALÉRIO, Marcelo et al. A sala de aula invertida na universidade pública Brasileira: evidências da prática em uma licenciatura em ciências exatas. Thema, [S.L.], v. 16, n. 1, p. 195-211, 1 maio 2019.