O risco de alagamento em um centro urbano de Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.18616/civiltec.v2i1.5340Resumo
Introdução
Nas regiões urbanas são percebidas alterações dos cursos hídricos relacionadas, principalmente, ao uso e ocupação do solo, sobreposições em áreas de preservação permanentes, uso e descarte de resíduos, entre outros fatores (SAMUEL,2011; LINARDI, 2017). Assim, as áreas urbanas quando expostas as precipitações intensas têm maior probabilidade de ocorrência de enchentes, inundações e alagamentos (TUCCI, et al,1995; CANHOLI,2005). Muitas vezes os danos materiais e imateriais causados nestes eventos são incalculáveis às municipalidades (CANHOLI,2005). Para prevenir e reduzir estes danos são desenvolvidos estudos e projetos de infraestrutura e conscientização da população urbana. Dentre os estudos, o desenvolvimento de mapas de risco são suporte para o desenvolvimento urbano, seja para orientar estratégias, demarcar áreas de risco ou pontos para mitigação da drenagem urbana (CANHOLI,2005; SAMUEL,2011; LINARD,2017; CIERVO, et al,2014). Em meio as medidas de mitigação de enchentes, as técnicas que visam aumentar a infiltração pluvial e reduzir o escoamento superficial são as mais utilizadas. Estas técnicas são consideradas de fácil emprego e baixo custo de instalação, porém como desvantagem demandam manutenção para evitar a colmatação (TUCCI, et al,1995; CANHOLI,2005; CAUDURO, et al,2019). O estudo tem objetivo de estudar a influência do escoamento superficial na ocorrência de alagamentos na área central de uma municipalidade catarinense.
Metodologia
O objeto de estudo abrange a área central de uma cidade de 26.626 habitantes, localizada no Sul de Santa Catarina, a 240km de Florianópolis. A área de estudo tem 0,28km², tem a maior densidade demográfica da municipalidade e histórico de alagamentos em eventos de chuvas intensas. No desenvolvimento foram considerados três cenários com diferentes revestimentos, Tabela 1; dados planialtimétrico e imagens georreferenciadas, com precisão de 0,39m (SIGSC,2012); histórico hidrológico e Período de Retorno de 25 anos para os cenários; rugosidade e infiltração relacionados aos revestimentos de cada cenário. Estes dados foram reunidos e simulados através do software Flo2D para obter os mapas de risco de alagamento.
Tabela 1. Cenários.
Revestimentos
Cenário A (%)
Cenário B (%)
Cenário C (%)
Escoamento Superficial
Solo
8
8
12
0,10
Pedra
10
-
-
0,75
Paver
4
9
5
0,50
Gramado
2
7
7
0,15
Asfalto
13
13
5
0,95
Lajota
-
-
8
0,70
Telhado
63
63
50
0,85
Uso pluvial
-
-
13
0,00
Escoamento Superficial
0,77
0,72
0,58
-
Resultados
(c)
(b)
Os mapas apresentam os pontos de acúmulo do escoamento superficial, ou seja, os pontos prováveis de alagamento, em amarelo na Figura 1. As simulações mostraram, conforme esperado, redução dos alagamentos com o aumento da infiltração pluvial. As simulações apresentaram resultados interessantes para o controle de alagamentos através de pequenas alterações do revestimento superficial, Tabela 2.
(a)
Figura 1. Mapas de risco de inundação: (a) Cenário A, (b) Cenário B, (c) Cenário C.
Tabela 2. Resultados.
Parâmetros
Cenário A
Cenário B
Cenário C
Escoamento Superficial
0,77
0,72
0,58
Altura máxima (cm)
59,8
55,3
46,3
Velocidade máxima (m/s)
1,61
1,05
0,27
No de manchas
164
19
1
A redução de 6% no coeficiente de escoamento superficial entre os cenários A e B promoveu redução de 88% dos alagamentos. Nos cenários A e C a redução de 25% do deflúvio resultou na redução de 135mm da altura do alagamento, 83% da velocidade do deflúvio e 99% da ocorrência de alagados. O Cenário C teve reduções positivas para o cotidiano urbano nos episódios de chuva. As reduções foram significativas nas ocorrências dos alagamentos, principalmente por ser uma municipalidade onde as construções são no nível das ruas e que qualquer alagamento causa transtornos. Quanto a velocidade do deflúvio propiciará sedimentação dos sólidos na sarjeta (TUCCI, et al,1995). A reduzida vazão pluvial e a rugosidade da superfície irão reter o deflúvio e os sólidos na sarjeta.
Conclusão
A promoção da infiltração pluvial confirmou reduzir consideravelmente os alagamentos através de medidas simples. A redução dos alagamentos e sua altura ocorrem a medida que a infiltração e a rugosidade do solo aumentam. Este estudo expressa a importância do planejamento urbano quanto ao uso e ocupação do solo. Softwares de modelagem são ferramentas que permitem antecipar a ocorrência de desastres e possibilita as ações preventivas. Modelos sustentáveis de drenagem mostraram ser eficazes na redução de alagados. Os resultados deste estudo promovem a aplicação das metodologias sustentáveis para o manejo pluvial urbano.
Palavras chave: Escoamento superficial. Drenagem urbana. Planejamento urbano.
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Referências
CANHOLI, A P. Drenagem Urbana e Controle de Enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005.
CAUDURO,F; MÜLLER,C; ROSA,G. Proposta de drenagem sustentável para uma municipalidade de pequeno porte. Águas Subterrâneas, v.33, n.2, 2019.
CIERVO, F. et al. Simulation of flash floods in ungauged basins using post-event surveys and numerical modelling. Journal Of Flood Risk Management, v.8, n.4, 2014.
ESTADO DE SANTA CATARINA. SIGSC – Sistema de Informações Geográficas. Levantamento Aerofotogramétrico, 2012. Disponível: http://sigsc.sds.sc.gov.br/. Acesso: set.2019.
LINARD, P. Drenagem compensatória e sua aplicação em uma área da UFRN. 2017. Monografia em Engenharia Civil – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
SAMUEL, P. Alternativas sustentáveis de tratamento de esgotos sanitários urbanos, através de sistemas descentralizados, para municípios de pequeno porte. Dissertação em Engenharia Civil - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
TUCCI, C. et al. Drenagem Urbana. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1995.
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