A EDUCAÇAO COMO SERVIÇO ESSENCIAL NO CONTEXTO ‘NECROLIBERAL’ DA PANDEMIA NO BRASIL

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DOI:

https://doi.org/10.18616/ce.v12i1.7293

Resumo

A proposta deste artigo é a de abordar o modo como a educação é significada pela discursividade neoliberal no contexto brasileiro de pandemia pela Covid-19. A partir da análise da política da morte (MBEMBE, 2018) que se instaura para o ‘todo da população’, chega-se à compreensão de que a educação passa a ser inscrita não como um direito social, previsto na constituição, mas como um ‘serviço essencial’ ao qual os sujeitos precisam aderir. Tal serviço passa a ser fornecido, sob qualquer circunstância, não a ‘sujeitos de direitos’, que deveriam ter a vida garantida pelo Estado, mas a ‘sujeitos de mercado’, ‘empresários de si mesmos’ que poderiam ter a vida abreviada pelo Estado em razão da lógica do ‘necroliberalismo’ (MBEMBE, 2020).

Palavras-chave: Educação. Necroliberalismo. Pandemia.

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Biografia do Autor

Larissa Scotta, Universidade de Santa Cruz do Sul Instituto Federal Farroupilha

Licenciada em Letras e Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Santa Maria. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul. Servidora do Instituto Federal Farroupilha.

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Publicado

2023-05-30

Edição

Seção

Dossiê: Necropolítica e educação: desafios para o tempo presente