A institucionalização do trabalho de mulheres em hospitais psiquiátricos brasileiros
Pedagogias de gênero e a exploração do “trabalho por amor”
DOI:
https://doi.org/10.18616/rdsd.v11i1.9577Palavras-chave:
Hospitais psiquiátricos, memória coletiva, trabalho gendradoResumo
Por meio das narrativas de doze mulheres, analisamos os dilemas do trabalho, em seu entrelaçamento com gênero e raça, no maior polo manicomial brasileiro recente. A memória coletiva evidenciou a ideologia patriarcal do “trabalho por amor” e a incompatibilidade do manicômio como local de um ofício amoroso, resultando na tese dos “corpos-fronteira” dessas trabalhadoras, que testemunharam os efeitos do confinamento e da tortura, ao mesmo tempo que se sentiam responsáveis pelas vidas daqueles que “cuidavam”.
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